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Fui mãe e perdi a minha liberdade

Atualizado: 8 de fev. de 2022

Para quem tem filhos há apenas duas fases na sua vida: o antes e o após ser mãe.

E, depois de termos um filho nos braços (ou até ainda na nossa barriga) tudo muda automaticamente e nunca mais somos livres. O exclusivamente “Eu” deixa de existir.

É como se crescessem em nós, de um dia para o outro, umas amarras, nos braços, nas pernas, na cinta e no coração que nos ligam a um outro ser, a uma nova realidade, a uma nova vida.


Deixamos de poder fazer só o que queremos.

Deixamos de poder ir apenas onde queremos e quando queremos.

Deixamos de poder não fazer planos.

Deixamos de poder pegar na mochila e simplesmente ir.

Deixamos de poder comprar só o que queremos e mais gostamos.

Deixamos de poder ficar sozinhas só porque queremos e precisamos.


Posso apenas falar por mim quando digo que a perda da minha liberdade foi a melhor coisa que me aconteceu.

Enquanto fui livre de decidir a minha vida apenas pensando em mim e nos meus gostos e objetivos fui feliz e vivi intensamente e bem.

Contudo, depois de conhecer a minha primeira filha, uma nova M. surgiu, não sei bem e onde.

É incrível como se dá em nós uma mudança tão forte e tão rápida.

Carregamos um bebé 9 meses na barriga mas é no momento em que o temos nos braços e que conseguimos estar a só com ele que percebemos o que temos.

Aí então o medo surge, as dúvidas, os receios.

Mas, ao mesmo tempo, uma nova capa de super-heroína e um conjunto de poderes surgem também e sim, somos capazes de tudo por um filho.

Mudamos tudo, ultrapassamos tudo, até a nós mesmas em prol do seu bem.


E perdi a minha liberdade.

Perdi-a porque:

  • Mesmo quando posso estar sozinha, há sempre uma parte de mim que esta a pensa nelas.

  • Mesmo quando vou comparar algo para mim, há sempre uma parte que faz cálculos a pensar no que que preciso também para elas

  • Mesmo quando quero ir a qualquer lado, penso se elas também vão gostar ou se preciso adaptar de forma a que também gostem

  • Mesmo quando sou eu que estou doente é nelas que penso (Tenho de melhorar para cuidar delas; tenho de me tratar para estar com elas!

  • Mesmo quando sei que estão bem entregues, o meu coração esta a pensar nelas.

Há um laço de um ferro inquebrável que se crie e que nos une que faz com que nunca mais sejamos livres.

Tenham 5 ou 50, a ligação nunca se quebra.

Longe ou perto, mãe sempre escuta, sempre cuida, sempre ama.


Acho que precisamos perceber isto antes de decidirmos ter um filho. Sentir isto só depois de se ser mãe, mas perceber esta perda (boa) e a jornada de altruísmo e dedicação que é preciso ter, é bom ser feito antes de gerar uma vida.

Temos de ser conscientes que fazemos mais do que isso, geramos uma vida, geramos uma conexão, uma dependência necessária que existirá (para o bem de todos) para sempre.

E, se não estamos preparadas para este caminho, o sensato e o certo para nós, é não fazê-lo.

E não há mal nenhum nisso. Cada uma tem o poder escolher o seu caminho e cada uma sabe o que é melhor para si.


Eu escolhi o caminho de ser mãe e tive o privilégio de sentir esta mutação em mim e trabalho todos os dias para que o meu papel seja feito da melhor forma.


Não me esqueço de mim. Trato de mim. Mas sempre com uma amarra, bem forte às minhas filhas.


Deixei de ser livre quando me tornei mãe e isso tornou a minha vida muito mais feliz.

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